quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Apostasia e Charlatanismo: A Marca dos Neo e Pseudos Evangélicos

Não pretendo ser exaustivo nem cirúrgico neste artigo, apenas taxativo quanto a verdadeira natureza daquilo que muitos hoje intitulam como evangélico, protestante ou reformado. 

Refiro-me aos chamados neo-evangélicos que por sua vez, são conhecidos pela sociedade como os principais "representantes" da igreja evangélica no Brasil. A saber, os famosos tele-evangelistas e suas mega-igrejas! Quero antes de qualquer coisa, deixar bem claro que NENHUM DESTES ME REPRESENTAM.


Qualquer um que conhece a história da verdadeira igreja de Cristo que começou nos tempos bíblicos em Jerusalém e perpassou 21 séculos ao derredor do planeta, sabe muito bem que esta forma de "cristianismo neopentecostal e outros semelhantes" é muito estranha e em nada se conforma com o modelo bíblico e histórico do cristianismo original. O cristianismo genuíno, bíblico e histórico possui como suas principais marcas a doutrina apostólica, a santidade pessoal, o martírio como selo da fé e a evangelização dos pecadores como chamado a uma vida de penitência. Assim foi, desde o tempo dos apóstolos e continuou com seus sucessores, começando pelos pais da igreja primitiva até os reformadores e grandes evangelistas e avivalistas do cristianismo mundial. Nomes como Paulo, Policarpo, Irineu, Cipriano, João Crisóstomo, Agostinho, Savonarola, Huss, Wycliffe, Tyndale, Lutero, Calvino, Owen, Edwards, Wesley, Moody, e centenas de outros, jamais serão sinônimos de pseudos "pregadores" como Edir Macedo, Romildo Ribeiro Soares, Valdemiro Santiago, Silas Malafaia, Estevam Fernandes e qualquer um outro desta laia que só pregam "curas e prosperidade material". Quem deseja ser realmente um cristão de verdade, precisa conhecer o cristianismo bíblico e histórico ao invés de se adaptar a qualquer proposta de pseudo-líderes que são descritos nas próprias Escrituras Sagradas como falsos profetas e charlatões da fé. O Novo Testamento está cheio de advertências contra os mesmos. A principal delas, saiu dos lábios do próprio Senhor Jesus que disse: "surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos - Mt 24:11". Besta quem se deixa seduzir pelas mensagens destes exploradores da fé alheia que a cada dia mais enriquecem a custa dos ingênuos espirituais. Quanto a mim, prefiro o evangelho descrito nas páginas da Bíblia dado por inspiração divina há mais de 5000 anos desde que o próprio Deus falou com Adão no Paraíso e Moisés no Monte Sinai! Evangelho este, que é inalterável em seu conteúdo e incalculável em sua verdadeira proposta e eficácia, que é a vida eterna e não uma vida de utopia temporal (Jo 3:16; Jd 3; Gl 1:8,9).

Pr.Samuel Santos (3ª Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa - AIECB).



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Verdades e Mentiras Sobre Inácio de Antioquia

A Bíblia diz que devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mt 22:21)! Infelizmente, poucos seguem este mandamento de Cristo, inclusive, muitos que se dizem "cristãos". 

Este artigo visa confirmar algumas verdades que foram ditas ao longo dos séculos sobre um dos maiores cristãos da história, bem como corrigir algumas mentiras que foram criadas em torno do mesmo. Estamos falando de Inácio de Antioquia, um dos primeiros e mais proeminentes sucessores dos apóstolos e pastores da igreja primitiva

Inácio viveu entre os anos 35 e 110 da era cristã. Fez elo entre as gerações do primeiro e segundo séculos do cristianismo. Segundo a Tradição, Inácio foi bispo de Antioquia da Síria, discípulo do apóstolo João, conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia. Segundo Eusébio de Cesareia, Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade. Santo Inácio foi detido pelas autoridades e transportado para Roma, onde foi condenado à morte no Coliseu, e foi martirizado por leões. Falta-nos espaço e tempo para descrevermos sua virtuosa e piedosa vida, bem como seus atos heróicos diante do martírio. Também, não temos como em um simples artigo transcrever seus escritos dirigidos as igrejas de Éfeso, Esmirna, Filadélfia, Magnésia, Trália, Roma e ao jovem bispo Policarpo. Todavia, como possuo estes documentos do tão aclamado Teóforo (portador de Deus) como era chamado, me acho na obrigação de fazer uso dos mesmos a fim de colocar os pontos nos is acerca do que o catolicismo em particular atribui ao dito cujo. Quem desejar conhecer a fonte de tais referências entre em contato comigo. 

Bem, de acordo com o catolicismo romano em especial, Inácio foi o primeiro a usar o termo católico e a declarar o primado da Sé Romana sobre as demais igrejas cristãs. Também afirmam que Inácio foi o primeiro a popularizar o dogma da virgindade perpétua de Maria e a doutrina da Transubstanciação bem como o dogma da intercessão dos santos dentre tantas outras coisas que são próprias do catolicismo como se conhece atualmente. Será mesmo? Como falei para um colega meu que é católico do pé roxo, "em terra de cego quem tem um olho só é rei"...graças a Deus que tenho os dois olhos e bem saudáveis por sinal. Então, permitam-me desfazer de forma sucinta estes maus entendidos acerca do verdadeiro sentido das palavras do saudoso e venerável bispo antioqueno:

1) Inácio declarou que a igreja primitiva era católica e já nasceu católica. Isso não é verdade! De fato, santo Inácio definiu a igreja como católica ao afirmar: "Onde está Cristo Jesus, ai está a Igreja Católica". Porém, em qual contexto ele fez tal afirmação? Inácio estava alertando aos cristãos esmirniotas acerca dos hereges docetistas que negavam a humanidade do Senhor Jesus. Tais hereges estavam convencendo alguns que por sua vez queriam deixar a igreja local e se reunirem a parte com os tais apóstatas. As palavras reais de Inácio foram: "segui todos ao bispo, como Jesus Cristo segue ao Pai, e ao presbitério como aos apóstolos, respeitai os diáconos como à lei de Deus. Sem o bispo, ninguém faça nada do que diz respeito a igreja. Considerai legítima a eucaristia realizada pelo bispo ou por alguém que foi encarregado por ele. Onde aparece o bispo, aí esteja a multidão, do mesmo modo que onde está Jesus Cristo, aí está a igreja católica". Ora, por todo o contexto agora, e não apenas pela frase isolada, percebemos do que se tratava. Inácio não estava fazendo apologia à uma igreja universal institucionalizada (o que só ocorreria a partir do 4º século em diante) e sim, estava falando de uma marca universal (católica) a qual era presente em todas as igrejas do mundo e neste sentido sim, católicas. Ou seja, Inácio estava alertando que nenhum cristão deveria abandonar a comunidade local com sua hierarquia composta de bispo, presbíteros e diáconos para seguir hereges docetistas isoladamente. Pois, Cristo prometeu estar onde estivessem os seus discípulos (Mt 18:8). A saber, os que tinham crido na sua ressurreição corporal (Jo 20:27). Logo, a catolicidade da igreja primitiva defendida por Inácio tem haver com a fé geral (universal=católica) das igrejas do seu tempo e não com o catolicismo pagão que surgiria alguns séculos mais a frente.
2) Inácio afirmou a primazia da Sé Romana sobre as demais igrejas. Também não é verdade! A igreja papista mais uma vez distorce o sentido das palavras do bispo que diz: "Roma preside a igreja na caridade". O que Inácio falou na verdade foi que a Igreja de Roma foi para com ele a mais caridosa dentre todas as outras que lhe saudaram no caminho ao martírio na capital do império romano. Acontece que, no caminho do martírio entre Antioquia e Roma, o bispo ao passar em várias cidades do trajeto onde se tinha igrejas locais, estas lhe enviavam representantes (geralmente bispos, presbíteros e diáconos) para consolá-lo e lhe dar alguma assistência. Tais encontros possibilitou Inácio escrever suas cartas a tais igrejas agradecendo a hospitalidade deles como também, encorajando-os a permanecerem juntos na fé cristã. Tanto na introdução da carta aos Romanos como no capítulo 9, Inácio ao mencionar a acolhida das igrejas, fez esta declaração sobre a igreja de Roma, que ela presidia as demais no amor para com ele. Presidir aqui é o mesmo que liderar, ou seja, os cristãos romanos foram mais amorosos para com o bispo do que as demais até mesmo porque o martírio seria na cidade de Roma. Inácio não se referiu em momento algum a chefia da igreja de Roma sobre as demais no sentido de política eclesiástica. Na verdade, em todas as sete cartas que enviou para as igrejas que o receberam com algemas, a única a qual Inácio não fez nenhuma referência ao seu bispo foi a igreja romana. Inácio elogiou todos os demais bispos e inclusive o jovem Policarpo, mas nada mencionou acerca do bispo romano. Se houvesse ali algum papa, por acaso não teria feito alguma honraria? o fato é que o bispo de Roma só começaria a ganhar certa proeminência no 4º século com Constantino e não antes.
3) Inácio afirmou a virgindade perpétua de Maria. Mais um equívoco! Eis as exatas palavras dele sobre a mãe do Messias na carta que escreveu aos efésios onde Maria e o apóstolo João foram acolhidos: "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a Virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus". E também: "A verdade é que o nosso Deus Jesus Cristo, o Ungido, foi concebido de Maria segundo a economia divina; nasceu da estirpe de Daví, mas também do Espírito Santo". Ora, o que o bispo antioqueno estava dizendo a não ser, tratando da historicidade do Messias, cuja mãe o concebeu ainda virgem por milagre divino? Nada tem ai com o anúncio que Maria permaneceu virgem o resto de sua vida. E mesmo que Inácio tivesse feito tal declaração, o que isto teria demais? por acaso dizer que alguém morreu virgem é sinônimo de veneração ao ponto de se mandar fazer uma estátua e um altar para tal pessoa? Claro que não. Certamente que a pagã devoção Mariana não começou com Inácio (provavelmente teve início no 3º século), ele apenas declarou o que os evangelhos já diziam, nada mais!!! Ver de outro modo é "procurar agulha no palheiro".
4) Inácio garantiu que após sua morte estaria a interceder pelos cristãos vivos e assim validou o dogma da intercessão dos santos na igreja primitiva. Nada mais equivocado do que isso! Eis o que verdadeiramente disse o mártir Inácio em sua carta de despedida aos tralianos: "Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus. Eu ainda estou exposto ao perigo, mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa. Que sejais encontrados nele sem reprovação". Como se pode ver no caso de um leitor ou ouvinte atento, Inácio aqui não diz que estaria intercedendo por ninguém após a morte, nem de intercessão ele fala! Na verdade, esta fala de Inácio aparece nas considerações finais, quando ele os exorta mais uma vez a unidade cristã diante das heresias e do martírio que na época eram constantes. É neste contexto que ele afirma estar se sacrificando pelos tralianos. Ou seja, Inácio deu exemplo máximo do que é ser um cristão tanto na vida como na morte. E após sua partida, seu exemplo heróico (sacrifício=negação de si mesmo=martírio) serviria de motivação para os demais desde que seguissem seus passos vivendo em unidade cristã e selando sua fé com sangue. Interessante que ao falar de oração, Inácio só menciona que o faria enquanto vivo, observem mais uma vez..."Eu ainda estou exposto ao perigo (martírio=sacrifício), mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa"...ou seja, Inácio ainda vivo orava para que os demais cristãos mantivessem a unidade e fé cristã diante de todos os desafios (internos e externos). E a única oração que pedia em favor de si mesmo era que Deus o fortalecesse a não negar e apostatar na hora do sacrifício de si mesmo em honra a Cristo. Nem sequer, pediu aos demais cristãos que orassem a Deus por seu livramento da morte. Isso, enquanto ainda estava vivo, em perigo! Logo, fazer de tal conversa comunitária e fraternal, uma base para um dogma onde se invoca defuntos (espiritismo) é ir muito além da pretensão do santo bispo. Poderíamos parafrasear adequadamente as palavras de Inácio mais ou menos da seguinte forma sem distorcer o real significado: "Sacrifico minha vida por Cristo e por vós, de forma que, após minha morte, quando eu chegar a Deus, servirei de encorajamento para vocês que ficam seguir meu exemplo de sacrifício. Eu ainda estou exposto ao perigo por um pouco de tempo só, mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa e assim nos fortalecer diante de tal prova de fé de maneira que sejamos todos encontrados nele sem reprovação". Ver de outro modo é o mesmo que "procurar chifre em cabeça de cavalo".
5) Inácio deu testemunho da doutrina da Transubstanciação. Outro lapso de interpretação textual grotesca! Eis as autênticas e devidas palavras do ditoso bispo em sua carta aos romanos: “Não encontro mais prazer no alimento corruptível nem nos gozos desta vida, o que desejo é o pão de Deus, este pão que é a carne de Cristo e, por bebida, quero seu sangue, que é o amor incorruptível”. É exatamente aqui, onde o tiro dos papistas sai pela culatra, pois, essa afirmação nem de longe confirma a doutrina da presença real de Cristo na Eucaristia como diz um famoso site católico (http://santo.cancaonova.com/santo/santo-inacio-de-antioquia-portador-de-deus/). Muito pelo contrário, só o desdiz! Como poderia Inácio estar falando de comer a carne de Cristo na Eucaristia se ele estava indo para o Coliseu? Isso mesmo amiguinhos, não era pra missa que o bispo antioqueno estava se dirigindo para beber o sangue de Jesus que seria transmutado após a epiclese. Na verdade, Inácio estava apenas parafraseando as palavras do evangelho de João no capítulo 6 (que também foram deturpadas pelos papistas) e que diz respeito a encarnar Cristo em sua própria vida, ou seja, ter um compromisso íntimo e pessoal com ele ao ponto de morrer. Pois, a chamada para viver o evangelho é se expor a seguir os passos de Cristo que foi o primeiro dos mártires cristãos. Inácio estava apenas dizendo que seguiria seu Mestre. Como ele mesmo afirmou, a vida presente já não lhe satisfazia mais, ele queria morrer neste mundo pra viver com Cristo no outro, vejam: "Não encontro mais prazer no alimento corruptível nem nos gozos desta vida, o que desejo é o pão de Deus...". Tanto é que, nesta mesma carta, encontramos a seguinte declaração: “Eu vos suplico, não mostreis comigo uma caridade inoportuna. Permiti-me ser pasto das feras, pelas quais me será possível alcançar Deus, sou trigo de Deus e quero ser moído pelos dentes dos leões, a fim de ser apresentado como pão puro a Cristo. Escutai, antes, as feras, para que se convertam em meu sepulcro e não deixem resto do meu corpo. Então serei verdadeiro discípulo de Cristo”. Como vemos, não encontramos nada aqui sobre a Santa Ceia e seu significado. Isso nem sequer se passou pela mente do mártir. Se Inácio podia ter Cristo realmente na Santa Ceia aqui na terra ao ponto de se alimentar de sua carne e sangue, porque tanto desespero de querer morrer para estar com Cristo no céu? Isso tem lógica? Evidentemente, que nenhuma. E o mais interessante é que Inácio "proibiu" os romanos de tentar libertá-lo do martírio para que uma vez liberto, pudesse comer a carne de Cristo na Santa ceia e beber seu sangue. Logo, não era na Eucaristia que Inácio queria estar realmente com Jesus e sim no céu através do martírio para se alimentar plenamente dele por toda a eternidade...no evangelho de João, o qual Santo Inácio conhecia bem, Jesus se intitula como o pão divino. Foi por esse pão (e não o da ceia) que Inácio deu sua vida.

Agora, deixando as mentiras sobre Inácio de lado, vamos concluir este artigo, nos concentrando sobre algumas verdades a seu respeito:
1) Inácio de Antioquia, foi bispo da cidade onde pela 1ª vez, os discípulos foram chamados de cristãos. Lembram? Veja o livro de Atos dos Apóstolos, capítulo 11:26.
2) Inácio foi ardoroso defensor da unidade da igreja pós-apostólica. Antes de tudo, apelando para a unidade da igreja local (comunidade) e depois enfatizando a unidade geral como exemplo para cada igreja em particular, e daí o uso do termo católico por ele pela primeira vez na história, porém, no sentido de reflexo universal.
3) Inácio através de suas cartas nos delineou o quadro hierárquico das igrejas primitivas. Segundo ele, cada igreja ou comunidade local era regida por um bispo, vários presbíteros e diáconos. Modelo este oriundo do mandamento apostólico conforme se vê no NT e na maioria das igrejas reformadas. Muito diferente do modelo papista que é composto por um presbítero (sacerdote) e alguns diáconos, sendo a figura do bispo um supervisor de igrejas locais e não de uma igreja especificamente.
4) Inácio via a hierarquia eclesiástica de uma igreja local como fundamento básico e até principal para a ortodoxia e unidade de uma igreja (comunidade). Neste sentido não apelava nem para o Sola Scriptura como fazem os protestantes e nem para a Tradição como fazem os papistas (tampouco apelava para o papa=bispo de Roma que ainda não existia). Chegou a declarar aos magnésios:"procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere tudo o que fizeres na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus". Vale lembrar que ele vivia num contexto de constantes heresias e perseguição e a doutrina apostólica deveria ser resguardada dentro das comunidades a todo custo por meio dos oficiais eclesiásticos.
5) Inácio não considerava sua autoridade espiritual ou a de qualquer outro bispo, igual ou superior a dos apóstolos. Antes se descrevia como um condenado e menor dentre os cristãos de Antioquia. Aos tralianos e romanos chegou a declarar que "não dava ordens como os apóstolos". O que faz cair por terra o conceito católico romano de que a Tradição é mais normativa em matéria de fé cristã do que os escritos apostólicos. Disse ele certa vez: "Pedro e Paulo eram apóstolos..."
6) Inácio cria que a verdadeira doutrina cristã provinha das Escrituras Judaicas (AT). Que por sua vez, era devidamente interpretada pelos apóstolos e conservadas pelos oficiais de cada igreja. Em sua carta aos filadelfienses escreveu: "...refugiando-me no evangelho como na carne de Jesus e nos apóstolos, como também no presbitério da igreja. Amemos os profetas, porque eles também anunciaram o Evangelho, esperaram nele e o aguardaram. Crendo nele, foram salvos...". Isso se harmoniza perfeitamente com o conceito hermenêutico da Reforma Protestante e vai diretamente de encontro com a interpretação cristã papista que atribui somente a Tradição a origem e desenvolvimento dos dogmas cristãos. O que para o judaísmo se constitui em atitude de uma seita.

Conclusão: Enfim, falta-nos o devido tempo e habilidade para dissecarmos a vida e os escritos desse santo e nobre líder cristão que figura e fulgura entre os chamados pais apostólicos. Porém, creio que este breve ensaio sobre o famoso bispo de Antioquia, será de grande utilidade para aqueles que buscam conhecer melhor a verdadeira história dos heróis da fé cristã primitiva. Até a próxima!

Pr.Samuel Santos (3ª Igreja Congregacional de João Pessoa - AIECB)

O Reformador João Calvino e a Intercessão dos Santos

Se existe algo que eu detesto e Deus muito mais, é a mentira! O Senhor Jesus certa vez chamou os judeus de filhos do diabo por amarem a mentira e fecharem os olhos para a verdade (Jo 8:44). 

Recentemente fiquei estupefato com uma mentira descarada que ouvi da parte de um colega meu que é católico de carteirinha, ao afirmar categoricamente que o reformador protestante João Calvino não só acreditava na intercessão dos santos, mas inclusive, a pedia. 

Tal mentira por sua vez, foi extraída de alguns sites de "apologia" católico como por exemplo: (http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/protestantismo/717-calvino-pedindo-a-intercessao-de-outro-reformador-ja-morto). O mesmo site informa que Calvino chegou a invocar publicamente a intercessão de Philip Melancthon que havia falecido a pouco tempo. Segue na íntegra a declaração de Calvino a qual os papistas fazem questão de afirmar que se trata de uma oração ao defunto Melancthon: "Ó, Philip Melancthon, pois eu apelo a ti, que estais agora vivendo no seio de Deus, onde tu esperas por nós até que nós estejamos reunidos contigo no Santo Descanso. Uma centena de vezes tu dissesse, fadigado com o trabalho, e oprimido com a tristeza, tu deitastes em meu peito como um irmão, ‘Que eu possa morrer neste peito!’ Desde então eu tenho milhares de vezes desejado que isso fosse nosso destino para estarmos juntos”. (Clear Explanation of the Holy Supper, in Reid’s Theological Treatises of John Calvin, S.C.M., London, p. 258;)". 

Seria isto mesmo, uma oração da parte de Calvino, pedindo a intercessão da parte do referido falecido? Bem, vamos aos fatos:

1) Em nenhum momento neste texto vemos Calvino pedir alguma coisa ao defunto. Concordam!? A frase "apelo a ti" não é um pedido e sim a expressão de um sentimento emotivo. Apela pelo quê? é preciso ler o texto de forma integral para realmente se certificar do que Calvino estava falando e não isolá-lo e distorcê-lo ao seu bel prazer. Pelo contexto da obra que trata sobre a exposição da doutrina da Santa Ceia, provavelmente Calvino estivesse fazendo um apelo poético ao falecido reformador cuja interpretação do tema era bem mais próxima do entendimento do reformador genebrino do que a compreensão que tinham Lutero e Zwinglio (e seus seguidores).

2) O conteúdo do texto trata-se de fato, de um lamento poético e não de uma invocação ao morto. Segue abaixo dois exemplos claros da situação. Um dos exemplos é uma famosa música de Tim Maia feita para homenagear alguém falecido que diz: "Não sei porque você se foi. Quantas saudades eu senti e de tristezas vou viver e aquele adeus não pude dar...Você marcou na minha vida, Viveu, morreu na minha história, Chegou a ter medo do futuro e da solidão Que em minha porta bate...E eu...Gostava tanto de você...Gostava tanto de você...Eu corro, fujo desta sombra em sonho vejo este passado e na parede do meu quarto ainda está o seu retrato. Não quero ver pra não lembrar. Pensei até em me mudar. Lugar qualquer que não exista o pensamento em você...E eu...Gostava tanto de você, etc". Vejam que a música é cantada para alguém morto como se ele estivesse ouvindo a homenagem que lhe é feita, não tem nada a ver com invocar o defunto. O outro exemplo semelhante trata-se de nada mais e nada menos do que um poema de Carlos Drummond Andrade, intitulado "um ausente" que diz: "Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto...Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste". Vejam, o poeta por acaso está acusando seu amigo de fato, ou apenas expressando um sentimento emotivo devido a sua partida inesperada que não apenas deixou saudades como também assuntos inacabados?! Ora, pra mim a resposta é mais do que óbvia e a mesma situação se aplica ao que Calvino disse ao referido defunto cujo entendimento sobre a eucaristia era recíproco. Todavia, para os amantes da mentira e inimigos da verdade, que não se contentam com tais explicações porque simplesmente não lhes convém, resta-nos mostrar que em todas as suas obras, Calvino sempre refutou a doutrina da intercessão dos mortos inclusive ao ponto de chamar os supostos mediadores (santos) de espantalhos (pg.352). Tanto em seu comentário sobre as pastorais (2 Tm 2:1-5) como em sua maior obra que foi as Institutas, o reformador pegou pesado com este dogma romanista e antibíblico. Segue abaixo os tópicos que Calvino ao longo de sua vida escreveu e falou sobre a invocação de defuntos (não há espaço aqui para transcrever os parágrafos de cada tópico que se encontra no Livro 3, capítulo 20, seções 17 a 27):

1. Unicamente pela mediação e nome de Cristo nossa oração é aceitável diante de Deus;

2. O Cristo ressurreto é nosso único intercessor junto a Deus Pai;

3. Cristo é o único mediador por cuja intercessão somos ouvidos nos céus;

4. Embora sejamos em vida intercessores uns dos outros, aos fiéis não assiste a função mediatorial;

5. A intercessão atribuída aos chamados santos no romanismo não se fundamenta nas Sagradas Escrituras, e contradiz a singular mediação de Cristo além de marginalizá-la e até anulá-la;

6. A intercessão romanista dos santos engendra supersticiosa veneração dessas criaturas;

7. Os chamados santos do romanismo não podem exercer a função de intercessão;

8. Os que deixaram esta vida além de não possuírem onisciência não tem comunhão com os vivos;

9. Incompatibilidade entre a invocação patriarcal do AT e a invocação dos santos romanistas;

10. A invocação dos santos nesta vida não se perpetua no além e serve de exemplo para os vivos;

11. A invocação dos santos constitui grave sacrilégio contra a suficiência da intercessão de Cristo.

Bem contra fatos não há argumentos! E o fato é que Calvino foi durante toda sua vida e ministério, veementemente contra o dogma da intercessão dos santos. As institutas começou a ser publicada no início do ministério do reformador como edição de bolso e sua última edição terminou como um vasto compêndio teológico. Se Calvino tivesse mesmo feito uma invocação a Melancthon pedindo sua intercessão, com certeza os membros de sua igreja bem como os demais reformadores o teriam refutado publicamente e não existe nada documentado neste sentido. E outra, será que Calvino sofria de mal de alzheimer? Para entrar em gritante contradição pública? nem preciso responder!

Logo, o que estes sites de "apologia" católica tem atribuído ao reformador neste particular, não passa de falácia e grotesca mentira. E como eu falei no início da postagem, a mentira não procede de Deus e sim do Diabo. Sendo assim, sugiro aqui aos responsáveis por estes sites que sejam mais honestos em suas publicações e parem de pecar contra o nono mandamento que diz: "Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo - Ex 20:16". Amém

Pr.Samuel Santos (3ª Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa - AIECB)




segunda-feira, 16 de novembro de 2015

As Igrejas Católicas e Reformadas sob o Prisma dos Judeus Messiânicos

Se tirarmos uma “foto” espiritual da Igreja Cristã atual (considerando todos aqueles crentes em Jesus, e que passaram pelo “novo nascimento” no espírito), descobriremos muitos e muitos pontos que necessitam ser repensados, se considerarmos a Igreja deixada por Yeshua e seus discípulos como modelo a ser seguido. 

A Igreja de Yeshua vivia no contexto judaico da época, fiel aos princípios da Torá ou de todo o Tanach (chamado Antigo Testamento), quando Paulo afirmou em sua carta a Timóteo que: ...“toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de D’us seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra.” ( II Tim 3:16-17). Na época em que Paulo escreveu este texto, obviamente não existia ainda o que conhecemos por Novo Testamento, composto pelos quatro evangelhos, outras cartas do próprio Paulo, João, Pedro, Tiago e outros. Quando Paulo diz “Escrituras”, com certeza absoluta estava referindo-se ao Tanach judaico. 


Yeshua era e continua sendo judeu. As Escrituras são 100% judaicas, e foram escritas segundo o contexto do pensamento judaico, tendo como base a santa Torá, um conjunto de livros escritos pelo próprio D’us através de Moisés. Os profetas seguiram essas mesmas instruções (Torá significa “instrução, Palavra de ensino de D’us”). Yeshua e seus discípulos viveram também dentro deste padrão de fé e revelação. 


Não tenho aqui nenhum propósito de chocar meus irmãos de fé, e tão pouco trazer confusão, com doutrinas novas. Absolutamente, não! Apesar de não ver a Igreja atual vivendo integralmente nos moldes existentes no primeiro século, vejo-a cumprindo sua missão de levar as Boas Novas às nações, segundo o “ide” de Yeshua, salvando milhares e milhares de vidas, por meio da fé no Messias, nosso único caminho para a salvação e a vida eterna. Portanto, vejo a Igreja Cristã como bênção e me sinto parte deste Corpo. 


Mas, com amor, carinho e respeito, gostaria de levantar alguns questionamentos históricos sobre a Igreja da Reforma (incluindo aqui suas inúmeras ramificações e denominações) em relação à Igreja Católica, da qual aquela se separou. 


Os Evangélicos em geral, sentem-se muito confortados pela abençoada Reforma, da qual, desligaram-se há mais de 4 séculos, do sistema da Igreja de Roma; mas será que nada precisa ser mudado, em relação a este estado de “conforto”? 


Sabemos que uma coisa é ser livre, e outra é ser liberto. São dois processos diferentes, que deveriam andar sempre juntos, mas às vezes, isto não acontece na prática. Que a Igreja da Reforma saiu de Roma, e aparentemente do seu sistema, sabemos que é verdadeiro, mas como ela está em relação à autoridade de sua antecessora? Analisemos alguns pontos, por exemplo:


1. A Igreja Católica reconhece que mudou o dia do Senhor de sábado para o domingo, por meio de muitos Concílios como o de Laodicéia (ano 336d.C.), após o Imperador Constantino ter pedido a “Venerablis Die Solis” (O venerável Dia do Sol). Vários líderes da Igreja trabalharam a favor desta mudança, como Graciano, Valentiniano, Teodósio e outros, no século IV. Depois, no século V, o Papa Inocêncio publicou a guarda e o jejum aos domingos. O Concílio de Orleans reforçou a mudança do sábado para o domingo, e finalmente no ano 590 d.C., o Papa Gregório solidificou para sempre o domingo, como o dia do Senhor. São inúmeros os textos bíblicos que mostram a Igreja do Primeiro século celebrando o Shabat. Qual tem sido a opção da Igreja da Reforma em relação a este ponto? 


2. A Igreja Católica desvinculou-se do calendário litúrgico judaico, para impor seu próprio calendário. Ela se diz neste direito, e não temos o que discutir. Mas, cabe a nós a decisão de segui-lo ou não. Por exemplo, os evangélicos celebram o mesmo domingo da ressurreição definido por Roma. O fato em si não é, em minha opinião, nem um pouco relevante. Mas, o que estou propondo à discussão é sobre o princípio de autoridade que foi estabelecido. Para mim, a Bíblia deve ser o nosso único padrão de fé e conduta; se a Bíblia apresenta um calendário litúrgico, por que, então, não seguí-lo? 


3. A Igreja Católica nunca negou que o Natal foi de sua autoria. Fixou o dia 25 de dezembro como o dia do nascimento de Cristo. Neste dia, os romanos celebravam também o “Natalis invicti Solis” (O nascimento do sol vitorioso). Qual tem sido a postura da Igreja da Reforma em relação à esta celebração? (observe que não estou preocupado com o dia, mas com o princípio de autoridade de quem assim determinou);


4. O calendário civil, chamado também de Gregoriano (seguindo o sistema solar) é universalmente seguido por todos os cristãos; todos, sem exceção, consideram o 1º. de Janeiro como o início do ano civil, já adotado mundialmente como o calendário de todas as nações; e quanto ao calendário bíblico, que é lunar?


5. A Igreja Católica diz que à ela foram entregues as “Chaves do Reino”, quando nomearam Pedro como seu primeiro Papa. Ela, então, define o que é bíblico e o que não é bíblico, o verdadeiro do não verdadeiro (falso), pois se vale desta autoridade afirmada por tradição, que ela delegou a si mesma para definir os princípios da fé cristã. Assim, a partir do século IV ela decretou que é a substituta de Israel e do povo judeu. Ou seja, os judeus messiânicos (crentes) deveriam se converter ao catolicismo a partir daquela data para serem salvos, bem como, deveriam deixar de ser judeus. Paralelamente, a Igreja de Constantinopla publicou sua profissão de fé, pela qual todo judeu deveria renunciar a seus costumes, ritos, festas bíblicas, língua, orações, etc.; além de exigir juramento do judeu converso, o qual seria anátema caso um dia voltasse a ser judeu. Qual tem sido a posição da Igreja da Reforma quanto a este item? Por acaso ela reconhece o chamado irrevogável de D’us ao seu povo escolhido? Ou ela também se sente como substituta de Israel, sob a dispensação da graça? 


6. A Igreja de Roma, através do Concílio de Antioquia, proibiu os cristãos de celebrarem a primeira festa do calendário litúrgico, ou seja, a Páscoa, pois assim, as demais festas cujas datas são contadas a partir desta, estariam indiretamente também canceladas. A Igreja da Reforma também não entendeu o real sentido messiânico das festas bíblicas, e as têm ignorado, atribuindo-as somente ao judaísmo tradicional;


7. A Igreja Católica definiu o que é graça, e a separou por completo das leis da Torá. Como a Igreja da Reforma se posiciona quanto aos conceitos e princípios das leis, em relação à vida de um crente em Jesus? Poderia esse crente se beneficiar dos aspectos qualitativos da Lei? Ou a dispensação da graça anula estes princípios? Vemos que há um grande abismo, quanto ao entendimento do que vem ser a Lei sob a forma de mandamentos, estatutos e ordenanças. Alguma coisa é captada como por exemplo: o estatuto judaico do dízimo. Mas, e quanto às outras leis judaicas? Elas foram anuladas pela graça e não podem abençoar a vida de um crente? Claro que sim! Se não, que sentido teria a prática da lei judaica do dízimo? Por que não encontramos um imperativo deste estatuto no Novo Testamento? Por acaso, pelo fato de não o encontrarmos, foi ele anulado, somente porque se encontra no Antigo? Claro que esta lei abençoa e muito aquele que crê e o pratica. Assim também, outras centenas de leis do AT estão disponíveis para os crentes em Jesus. Por que a Igreja da Reforma não se atentou ainda para a importância dessas leis, sob o enfoque da qualidade de vida?


8. Marcião ajudou à compilar o que denominou de Novo Testamento. Depois, ele definiu que o Tanach seria chamado de “Velho Testamento”, ou seja, livro só para os judeus, e que o Novo Testamento é o conjunto de livros para os cristãos. Assim, a Igreja Católica definiu a cronologia dos Livros da Bíblia independentemente da tradição e do pensamento judaico. Hoje, a Igreja da Reforma continua obedecendo os mesmos princípios, e toda Bíblia usada por eles tem escrito logo em sua capa “Velho e Novo Testamentos”, diferindo completamente da ordem Cânon e da cronologia bíblica judaica;


9. A Igreja Católica definiu que o Batismo seria em “Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Hoje a Igreja da Reforma segue a mesma fórmula e não se deu em conta que em nenhum lugar do Novo Testamento encontramos um apóstolo batizando assim, exceto em Mateus 28:19, que não aparece nos manuscritos mais antigos, conforme Eusébio de Cesaréia, em sua obra História Eclesiástica – São várias as passagens em que vemos os apóstolos batizando em nome de Jesus (Yeshua), como Atos 2:38;8:16;19:5; e outras passagens;


10. A Igreja Católica valendo-se da língua latina, traduziu muitos nomes de profetas e o próprio nome de Yeshua para versões que não trazem em si, suas interpretações originais. Por exemplo, Jesus, que no latim é “Iesus”, foi a transliteração do termo grego “Iesous”, que por sua vez é a transliteração da palavra hebraica “Yeshua”, que quer dizer “D’us é salvação”, nome este que consta tanto no AT como no NT. O mesmo acontece com o nome de D’us; 


11. A Igreja de Roma não deu importância à língua hebraica. Com isto, perdeu-se muito do contexto judaico das Escrituras. Por exemplo, poucos cristãos sabem o que significa o acróstico AMÉM ou o termo “Barách” que significa abençoar. No sentido hebraico “Barách” significa conceder a alguém poder para que este que recebe a benção seja bem sucedido e próspero. Existem inúmeros erros de tradução, frutos de desconhecimento da língua hebraica, a começar pela alteração dos nomes dos Livros da Bíblia, como Torá (Instrução, Ensino de D’us) para Pentateuco, de “Shemot” (Nomes) para Êxodo; de “Bamidbar” (No Deserto) para Números, etc. Qual tem sido o contexto no qual a Igreja da Reforma se baseia para interpretar as Escrituras? A cultura ocidental, sobretudo a helênica, ainda se faz muito presente no meio da Igreja da Reforma. 


12. A Igreja Católica afirma ser a fiel depositária da Palavra da fé. A Bíblia afirma que “ao povo judeu foram confiados os oráculos de D’us” (Rm 9:4). E, afinal, a Igreja da Reforma não tem afirmado o mesmo? 


13. Quanto ao relacionamento Igreja e Israel, os cristãos têm praticamente a mesma postura de indiferença quanto ao povo judeu. O conceito de que os judeus foram os assassinos de D’us (Deicídio), pensamento tão difundido na Igreja Católica durante os primórdios de sua fundação, ainda encontra espaço no meio da Igreja da Reforma. O amor a Israel, o comprometimento com sua salvação, bem como os investimentos feitos nos últimos séculos, têm sido insignificantes, se levarmos em conta os textos bíblicos que solicitam à Igreja interceder constantemente pela salvação do povo judeu, bem como ajudar os judeus (messiânicos) de Israel com bens materiais. Estes itens foram muito bem lembrados aos gentios crentes, pelo apóstolo Paulo (Rm15:27);


Poderíamos ainda citar mais e mais tópicos sobre a necessidade da Restauração nos moldes da Igreja do Primeiro Século. A reconciliação da Igreja com Israel, faz-se extremamente necessária nos dias atuais. Israel precisa ser salvo para que Yeshua volte para sua terra. Ele, o Messias, não voltará para implantar o Seu Reino em Nova York, ou em Paris ou mesmo em qualquer outra cidade do mundo. Ele voltará, cremos, em breve, para Jerusalém, conforme nos diz e confirma a Palavra em que cremos.


Meu intuito não é dividir mais a Igreja Cristã, ao escrever este artigo. Pelo contrário, meu desejo sincero é a nossa unidade. Não se trata também de ajuntar todas as denominações cristãs numa só, não! Mas, aquilo que nos une (o sangue do Cordeiro Yeshua, sua salvação e vida eterna) deveria falar mais alto do que nossas diferenças. 


Afinal, conforme o Evangelho de João, Yeshua rogou para que nós fôssemos um, assim como Ele e o Pai também o são, a fim de que o mundo creia que Ele, o Messias, foi enviado por parte de D’us ( Jo 17:21). O Noivo espera ver sua “Noiva” num só Corpo e numa só família, judeus e gentios crentes (Ef 2:19). É tempo de restaurar. É tempo de voltar às nossas raízes. Se todo cristão possuísse a Torá como base de suas interpretações, com certeza teríamos menos divergências entre nós e, conseqüentemente, haveria mais unidade. Por isso, é tempo de reconciliar e declarar nossa unidade e as Boas Novas até aos confins da Terra (não esqueçam que a terra de Israel foi mencionada por Yeshua prioritariamente, em relação aos “confins” da Terra – At 1:8) para que nosso Messias venha em glória estabelecer o Seu Reino Milenar.


Maran Ata ! Seja breve sua Vinda, Senhor Yeshua Há Mashiach !

Fonte: http://www.cafetorah.com/A-Igreja-Crista-Rumo-a-Igreja-do-Primeiro-Seculo

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Igrejas na Turquia (antiga Ásia Menor) à Beira da Extinção

Muito embora os cristãos sejam uma pequena minoria na Turquia de hoje, o cristianismo tem uma longa história na Ásia Menor, terra natal de diversos apóstolos e santos cristãos, inclusive Paulo de Tarso, Timóteo, Nicolau de Mira (Lícia) e Policarpo de Esmirna.

Todos os sete primeiros Concílios Ecumênicos foram celebrados no que é a Turquia de hoje (a Turquia se divide em 2 continentes: Europa e Ásia). Dois dos cinco centros (Patriarcados) da antiga Pentarquia, Constantinopla (Istambul) e Antioquia (Antakya), também estão localizados na Turquia. Antioquia foi o lugar em que pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de "cristãos".

A Turquia também é a terra natal das Sete Igrejas da Ásia, para onde foram enviadas as Revelações de João. Nos séculos seguintes inúmeras igrejas foram construídas naquela região.

Uma delas, a Hagia Sophia já foi a maior catedral do mundo cristão, até a queda de Constantinopla nas mãos dos otomanos no século 15, seguida por 3 dias de saques desenfreados.

Hoje a Turquia conta com uma percentagem menor de cristãos em relação a sua população do que a de qualquer um de seus vizinhos, menos que na Síria, Iraque ou Irã. A maior causa disso foram os massacres ou genocídios assírios, armênios e gregos ocorridos entre 1915 e 1923.

Pelo menos 2,5 milhões de cristãos nativos da Ásia Menor foram mortos, abertamente massacrados ou vítimas de deportações, trabalho escravo ou marchas da morte. Muitos deles morriam em campos de concentração, de doenças ou inanição.

Muitos gregos que sobreviveram ao massacre foram expulsos de suas casas na Ásia Menor em 1923, quando da troca forçada da população entre a Turquia e a Grécia.

A devastação física foi seguida pela devastação cultural. Do começo ao fim da história da república turca, inúmeras igrejas e escolas cristãs foram destruídas ou transformadas em mesquitas, depósitos e estábulos, entre outras coisas.

Os grupos de cristãos que são mais severamente perseguidos são: grupos tradicionais (armênio, grego, siríaco e igrejas católicas) são todos monitorados regularmente e sujeitos a certos controles e limitações por parte do governo. Seus membros são considerados "estrangeiros" em muitos assuntos de responsabilidade pública. Grupos evangélicos se encontram em lares, por não poder pagar um lugar para encontros.

O grupo de recém-convertidos que, são cristãos convertidos de origem muçulmana, suporta um dos maiores pesos da perseguição na Turquia. A pressão vem da família, amigos, comunidade e até mesmo das autoridades locais. Eles são considerados traidores da identidade turca.

Fonte: http://pt.gatestoneinstitute.org/5600/igrejas-turquia
https://www.portasabertas.org.br/cristaosperseguidos/perfil/turquia/

domingo, 1 de novembro de 2015

Afinal de Contas de Onde Surgiu a Bíblia e Qual Seu Real Valor?

Já escrevi neste blog um artigo sobre a importância da Bíblia (Sagradas Escrituras) como única regra de fé e prática cristã, pontuando inúmeras e contundentes razões, mesmo diante do desprezo que muitos grupos ditos cristãos têm para com ela. Referindo-me aos neoevangélicos e católicos romanos. 

Pra minha surpresa, começou a circular nas redes sociais as declarações da imagem ao lado, com relação a Palavra de Deus escrita através de ditos de nomes que são tidos como referência no meio protestante e católico em seus setores mais conservador. As frases são bem elaboradas. Mas, por incrível que pareça há equívocos e verdades em ambas as afirmações tanto na do padre como na do pastor. Deixe-me citar sucintamente alguns, para maior esclarecimento quanto ao assunto em pauta, afim de dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus:

Simplificando alguns acertos: 1) as Sagradas Escrituras já existiam desde o tempo de Moisés, só não estavam completas como hoje com seus 66 livros...acertou o pastor. 2) De fato, a compilação da Bíblia foi feita pela igreja antiga que no tempo era denominada católica, século 4...acertou o padre. 

Simplificando alguns erros: 1) Quando a Bíblia foi tida como completa no século 4 pela igreja católica antiga, ela ainda não era conhecida oficialmente como católica romana...logo, não foi a igreja católica romana que compilou a bíblia e sim a igreja universal (católica) da época...errou o padre. 2) Quando o Novo Testamento foi escrito no 1º século pelos apóstolos a igreja ainda não possuía nenhuma denominação de fato, nem era católica e nem protestante. Todavia, o pastor erra quando diz que antes do século 4 não havia igreja católica. Pois, a igreja apostólica se tornou católica (universal) a partir do 2º século e não do 4º. O que não existia antes do século 4 repito, era a ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) que na verdade não surgiu no século 4, e sim, no século 11...equivocou-se no caso o pastor. Em outra postagem aqui do blog, já expliquei que existem vários tipos de catolicismo no mundo. Principalmente no Oriente. A igreja católica que conhecemos é a romana que predomina no mundo ocidental...poucas pessoas sabem disso por que não pesquisam as origens de sua própria fé. Por isso, que na Reforma, os reformadores lutaram para que a igreja voltasse ao modelo dos 4 primeiros séculos da era cristã quando não havia penetrado o paganismo no cristianismo por meio do imperador Constantino que foi o primeiro a promover a Igreja de Roma que fazia parte da capital do império. 

Mas, afinal de contas qual o valor de uma discussão acerca da origem da bíblia? Qual a importância se seus reais compiladores foram hebreus, judeus, católicos ou protestantes? Para mim, o importante é saber que desde a antiguidade a Bíblia está parcial ou totalmente a disposição da humanidade. Seja por meio dos hebreus, dos judeus, dos católicos ou dos protestantes. Nada adiante ter um mapa ou uma bússola e não se guiar por eles.

No caso de nós cristãos reformados (protestantes), o valor da bíblia não está em sua compilação por mais importante que tenha sido seu processo, mas sim, em seguirmos seus santos ensinos (Sl 1:1). 

SOLA SCRIPTURA sempre. Louvemos a Deus pelo Catolicismo primitivo que nos deu a Bíblia em sua forma atual com 72 ou 66 livros, e mais ainda, pela Reforma Protestante que trouxe a Bíblia pra o povo de Deus e o povo de Deus para a Bíblia novamente através de sua tradução, leitura e pregação vernacular!

Pr.Samuel Santos (3ª Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa/AIECB)

sábado, 31 de outubro de 2015

498 anos de Reforma Protestante: Igreja Reformada Sempre se Reformando...nunca inovando!

Estamos as vésperas dos 498 anos de Reforma Protestante (há quem a coloque no plural=reformas). 

Uma das premissas da Reforma foi "Igreja Reformada Sempre se Reformando". 

Isto significava duas coisas:
1ª) Por um lado, os principais reformadores (com exceção dos anabatistas) nunca entenderam que estavam criando uma nova religião, mas sim, apenas reformando a única religião cristã de todos os tempos desde os apóstolos. Em outras palavras, estavam tirando as arestas da igreja medieval no Ocidente (o que aliás, é bastante discutível até hoje, com que autoridade ousaram fazer e se é que de fato o fizeram).

Quem lê as Instituas de Calvino por exemplo, sabe que o mesmo, a semelhança dos demais reformadores, basearam sua interpretação da bíblia não apenas na exegese ou hermenêutica mas também nos escritos dos chamados pais da igreja. Calvino era do parecer que, a interpretação pós-apostólica da patrística que embora não fosse perfeita, todavia, por sua vez tinha lançado as bases da ortodoxia cristã teologicamente falando (trindade, cristologia, cânone, etc). Porém, a mesma tinha sofrido alterações ao longo dos séculos e se distanciado cada vez mais do ensino do Novo Testamento. Principalmente, a partir do século 12 após a ruptura com o Oriente (neste particular, Calvino culpava a Escolástica).

Assim, sendo, por "igreja reformada sempre se reformando" o grito da Reforma consistia em voltar sempre ao modelo de igreja da Bíblia Sagrada ou ao menos aos modelos das igrejas dos 3 primeiros séculos da Cristandade primitiva. Nesta linha se encontram ainda hoje denominações como o luteranismo e o anglicanismo;

2ª) Por "igreja reformada sempre se reformando", os reformadores não tinham a mínima pretensão de dar a igreja novos paradigmas extra-escriturísticos de acordo com a cultura, modismo ou demais conveniências e vaidades humanas...para eles "igreja reformada sempre se reformando" não significava reformar no sentido de inovar! Absolutamente não, não era esta a proposta. 

Hoje, após quase 500 anos de duras reformas religiosas (incluindo perseguições e martírios), muitíssimas igrejas oriundas direta ou indiretamente da Reforma Protestante estão no mesmo caminho da igreja católica medieval no que diz respeito a não ter a Bíblia Sagrada como fonte e regra única de fé e prática cristã. Por mais lamentável que seja, isso é um fato e contra fatos não há argumentos!

Quem conhece um pouco da história eclesiástica e secular sabe muito bem dos abusos naquela época da igreja estatal, da corrupção moral do clero, da ignorância e analfabetismo bíblico, da exploração da fé leiga por meio das vendas de indulgências e outras relíquias cristãs, do tribunal da santa inquisição, etc. Coisas essas pelas quais a ICAR através dos papas João Paulo II e Bento XVI chegou a reconhecer e pedir perdão por elas!

A maior parte do protestantismo atual representado pelas igrejas liberais, emergentes, pentecostais e neopentecostais dentre tantas outras bizarrices gospel, não tem deixado por menos com a venda de bênçãos, curas, prosperidade material e até terreno no céu como foi o caso da IURD. Até mesmo igrejas históricas como a luterana e anglicana tem ordenado pastoras que advogam que Deus não deve ser chamado de Ele e sim de Ela, e realizado casamentos de homossexuais. Igrejas como  Bola de Neve realizam batismos em toboágua, celebram a Santa Ceia com suco de maracujá e biscoito, e outras que promovem as piores atrocidades em nome de Cristo e do Espírito Santo como a unção do riso, da dieta, dente de ouro, cusparada santa e por ai vai. Uma verdadeira bagunça! Aonde vamos parar? O quê fazer daqui pra frente? Recuar ou avançar? Continuar reformando ou deformando?

Dado a todos estes escândalos (pra ficar barato), além da deficiência doutrinária, não são poucos os que de Norte a Sul, e de Leste a Oeste no Brasil e no mundo inteiro tem clamado por UMA NOVA REFORMA PROTESTANTE. O que diga-se de passagem, não é nada fácil. Talvez, muito mais difícil que no século 16. Tanto, que ramos do anglicanismo e luteranismo tem retornado a ICAR. Aliás, para a Igreja Católica Apostólica Romana o que houve não foi Reforma e sim Revolta. Segundo ela, os verdadeiros reformadores da igreja foram os santos como Francisco de Assis, Bernardo de Claraval, e os Jesuítas (dentre tantos outros de sua extensa galeria, cuja maioria foram canonizados). De acordo com o Vaticano e seus apologetas, a reforma protestante errou feio ao tentar corrigir dogmas milenares ao invés de comportamentos morais e éticos de seus fiéis e clérigos.

Confesso que a questão em si é bastante polêmica e complexa, afinal de contas, são 2000 anos de Cristianismo Global. Não me vejo na condição de apontar uma solução eficaz. Só posso dizer que não fui eu quem começou com todas estas brigas, facções e corrupções (meus pecados são outros) e tampouco, serei eu que acabarei com elas, estou apenas expondo fatos da forma mais imparcial e despreconceituosa possível. Porém, a uma conclusão tenho chegado em meio a toda esta Babel Religiosa, a saber, que vale a pena a nós que somos reformados (independente da ala) continuar lutando por mais reforma dentro de nossos círculos e até onde for possível, a luz de nossa tão rica herança reformada que tem como lema 5 bases: Sola Scriptura, Sola fide, Sola Gratia, Solus Christus e Sole Deo Gloria. Em outras palavras, ou continuamos reformando por meio de uma pregação bíblica e sólida dos nossos púlpitos ou nos tornaremos responsáveis pela deformação da igreja em sua forma visível ao assumir uma postura diferente de nossos ancestrais na fé (reformadores e puritanos), ao aceitar passivamente a corrupção generalizada da própria igreja protestante. É isto que queremos?

Fica então a dica: "Igreja Reformada Sempre se Reformando à luz da Bíblia e da história eclesiástica...nunca inovando (ou deformando)!". Amém

Pr.Samuel Santos (3ª Igreja Evangélica Congregacional de João Pessoa - AIECB)

terça-feira, 29 de setembro de 2015

O Concílio de Trento e a Contra Reforma Católica

O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, foi o 19º concílio ecuménico da Igreja Católica. Foi convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade da e a disciplina eclesiástica, no contexto da Reforma da Igreja Católica e da reação à divisão então vivida na Europadevido à Reforma Protestante, razão pela qual é denominado também de Concílio da Contrarreforma. O Concílio foi realizado na cidade de Trento, na Província autônoma de Trento, região do Tirol italiano.

O Concílio de Trento, atrasado e interrompido várias vezes por divergências políticas ou religiosas, foi um conselho de uma grande reforma, uma personificação dos ideais da Contrarreforma. Mais de 300 anos se passaram até ao Conselho Ecumênico seguinte. Ao anunciar o Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII afirmou que os preceitos do Concílio de Trento continuam nos dias modernos, uma posição que foi reafirmada pelo Papa Paulo VI.

História: O Concílio de Trento foi o concílio ecuménico mais longo da História da Igreja Católica. Foi também o concílio que "emitiu o maior número de decretos dogmáticos e reformas, e produziu os resultados mais benéficos", duradouros e profundos "sobre a fé e a disciplina da Igreja".

Para opôr-se ao protestantismo, o concílio emitiu numerosos decretos disciplinares e especificou claramente as doutrinas católico‐romanas quanto à salvação, os sete sacramentos (como por exemplo, confirmou a presença de Cristo na Eucaristia), o Cânone de Trento (reafirmou como autêntica a Vulgata) e a Tradição, a doutrina da graça e do pecado original, a justificação, a liturgia e o valor e importância da Missa (unificou o ritual da missa de rito romano, abolindo as variações locais, instituindo a chamada "Missa Tridentina"), o celibato clerical, a hierarquia católica, o culto dos santos, dasrelíquias e das imagens, as indulgências e a natureza da Igreja. Regulou ainda as obrigações dos bispos.

Foram criados seminários nas dioceses como centros de formação sacerdotal e confirmou-se a superioridade do Papa sobre qualquer concílio ecumênico. Foi instituído o "Index Librorum Prohibitorum", um novo Breviário (o Breviário Romano) e um novo Catecismo (o Catecismo Romano). Foi reorganizada também a Inquisição.

Celebrou-se em três períodos:

1º Período (1545-1548) — Celebraram-se 10 sessões, promulgando-se os decretos sobre a Sagrada Escritura eTradição, o pecado original, a justificação e os sete sacramentos em geral e vários decretos de reforma disciplinar;

2º Período (1551-1552) — Celebraram-se 6 sessões, continuando a promulgar-se, simultaneamente, decretos de reforma e doutrinais ainda sobre sacramentos, particularmente sobre a eucaristia (nomeadamente sobre a questão da transubstanciação), a penitência, e a extrema-unção. A guerra entre Carlos V e os príncipes protestantes constituiu um perigo para os padres conciliares de Trento;

3º Período (1562-1563) — Convocado pelo Papa Pio IV, foi presidido pelos legados cardeais Ercole Gonzaga, Seripando, Osio, Simonetta e Sittico. Estiveram ainda no concílio os cardeais Cristoforo Madruzzo, bispo de Trento e Carlos Guise. O Papa enviou os núncios Commendone e Delfino aos príncipes protestantes do império reunidos em Naumburgo, e Martinengo à Inglaterra para convidar os protestantes a virem ao concílio. Neste período realizaram-se 9 sessões, em que se promulgaram importantes decretos doutrinais, mas sobretudo decretos eficazes para a reforma da Igreja. Assinaram as suas atas 217 padres oriundos de 15 nações.


Resumo: Os decretos tridentinos e os diplomas emanados do concílio foram as principais fontes do direito eclesiástico durante os 4 séculos seguintes, até à promulgação do Código de Direito Canónico em 1917.

"No Concílio, nenhum consenso foi possível, este acabou apenas por reafirmar os princípios católicos, condenando o protestantismo. Entretanto, algumas medidas moralizadoras começaram a ser tomadas, como a proibição da venda de indulgências e a criação de escolas para a formação de eclesiásticos.

A Reforma Católico‐romana foi reforçada pela criação, em 1540, da Companhia de Jesus, ordem religiosa fundada pelo espanhol Inacio de Loyola. A Companhia de Jesus transformou-se num verdadeiro "exército" em defesa da manutenção dos princípios católicos e da evangelização na Europa, na Ásia e nas Américas.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_de_Trento