sábado, 27 de junho de 2015

Mulheres Podem Ser Pastoras? Uma Breve Reflexão Sobre o Ministério Pastoral

"Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto - 1 Pe 5:2".

Quando alguém me pergunta se uma mulher pode ser pastora, respondo que para isso, "ela precisa ser muito macho"! Ou seja, ela precisa ser mais homem do que muitos homens. Não me entendam mal. O que quero dizer, é que, pastorado não é apenas para homens. Mas sim, para cabra macho mesmo, homem com "H". Isto é, nem todo homem pode ser pastor, pois, a função pastoral é trabalho muito pesado. Sendo assim, pergunto: mulher aguenta pegar em peso? mulher aguenta pressão?
Vivemos em uma época, onde o ministério pastoral passa por uma crise aguda. Não são poucos os escândalos causados por determinados "pastores" na área financeira, sexual, moral, espiritual e ética. Há muitos outros que tem abandonado suas igrejas e famílias. Particularmente, conheço alguns que perderam a própria fé. Ex-obreiros de denominações expressivas como Assembléia de Deus, Batista, Betel e Presbiteriana. Conheço outros que perderam os cabelos e até a saúde! Diante de tal quadro, é difícil encontrar quem possa contar os pastores que de fato pastoreiam (1 Rs 19:18).
O renomado conferencista, Paul Washer, chegou a afirmar categoricamente na Conferência Fiel em 2012, que seria aconselhável que metade dos "pastores" que hoje existem, mudassem de função. Logo, percebemos que ser pastor não é para qualquer um, imagine, achar que é para qualquer uma! Conforme vejo, o "x" da questão está no fato que o "cristianismo" atual tem baixado demasiadamente o padrão bíblico não só quanto a adoração, o evangelismo, a conversão, e a vida cristã; mas também, tem cada vez mais diminuído o nível de exigência quanto ao sagrado ministério. Deste jeito então, qualquer um pode ser: pastor, bispo, apóstolo, etc. E porque não, ser pastora ou bispa, já que vale tudo e todos? Há denominações como a Anglicana que não apenas ordenam ao pastorado mulheres, mas, pasmem, até mesmo homossexuais. Para estas igrejas, tais ordenações não apenas são legais, mas, até mesmo necessárias. No Brasil a febre das ordenações femininas para o pastorado tem crescido tanto quanto nos EUA. Entre as famosas temos Ana Paula Valadão, Aline Barros, Fernanda Brum, Ludmila Ferber, Cassiane e "Lana Holder"  além de tantas outras que estão longe da mídia. Umas como Aline Barros cantam a heresia do patripassianismo (música "Digno é o Senhor"), outras como Ludmila Ferber só cantam vitória (é o novo Sola do Protestantismo Moderno, o "Sola Vitória"). Outras como Lana Holder pregam abertamente o homossexualismo. Na internet, tem circulado notícias que famosas como Lady Gaga, Britney Spears e mais recentemente Andressa Urach, desejam se tornar pastoras também após encerrarem suas promíscuas carreiras. Fico pensando, aonde isso vai parar?
Segundo vejo, a única forma de acabar com todas essas invencionices "gospel" é voltando ao Sola Scriptura. Ou seja, a bíblia autoriza, ou sequer fala em ordenação feminina? Se sim, vamos ordená-las. Se não, vamos pôr um ponto final com toda essa conversa mole. Neste ponto, podemos elogiar o catolicismo romano que teve a coragem de "proibir definitivamente qualquer possibilidade de ordenar sacerdotisas". Inclusive, do ponto de vista bíblico, este deve ser o ponto de partida para tal discussão. Há na bíblia, ordenação de sacerdotisas no AT ou de bispas e apóstolas no NT? Claro que não, nem mesmo Raquel ou Débora ou Priscila o foram como especulam os defensores do "feminismo evangélico". Ora, Jesus não escolheu apóstolas, mas sim, apóstolos. Até mesmo porque obviamente, uma mulher não teria pique para acompanha-lo em suas missões na Palestina. Imaginem, apóstolas saindo por todo o mundo bárbaro dos primeiros séculos da era cristã quando todos os apóstolos foram martirizados (com exceção de João)!!! Aliás, indago se muitas mulheres e até mesmo muitos homens cristãos que "aspiram o episcopado" gostariam de ser pastores em um contexto de perseguição.
Não há dúvida que, muitos que se apresentam ao pastorado hoje em dia, o faz por desejo de status e poder ou no mínimo por modismo. Por essa razão, muitos procuram ou abrem "igrejas fundo de quintal" para serem "ordenados" e não são poucos os que promovem cismas nas igrejas onde estão com o fim de terem seu próprio "rebanho e ministério". Biblicamente falando, pastorado é questão de poder ou status ou moda? Claro que não! As cartas de Paulo à Timóteo e Tito deixam bem claro o que se esperar de alguém que deseja o pastorado. Existe uma série de critérios que reprovaria até mesmo muitos ministros de igrejas históricas como a nossa.
Muitos acham que ser pastor é vestir uma roupa especial (eu mesmo gosto do colarinho clerical) e ter o poder do microfone da igreja. Outros acham que trata-se apenas de administrar a igreja em suas finanças, liturgia e departamentos. É verdade que tudo isso, faz parte do ministério pastoral. Porém, o pastorado envolve muito mais!
Não são poucas as vezes que me levanto de madrugada com a cabeça pegando fogo por estar preocupado com a situação espiritual de muitos "crentes" e "igrejas". Muitas vezes, é até difícil achar alguém de confiança para desabafar a realidade do cristianismo do século 21. Muitas vezes me sinto esgotado: física, mental e espiritualmente. E olha que embora eu tenha sido ordenado recentemente, já tenho pelo menos 35 anos de experiência no evangelho! Além de 10 anos de formação teológica e experiência missionária em 6 cidades do Estado Paraibano. Quanto mais o tempo passa, sinto que as dificuldades aumentam e com elas o peso do pastoreio. Ai, vejo que muitos se aventuram ao pastorado apenas por o acharem bonito, promissor e romântico. Há até quem queira entrar no ministério para ser uma espécie de Lutero ou Spurgeon. Há também aqueles cujo sonho é proclamar aos confins da Terra as virtudes e sapiência de João Calvino ou de João Wesley. Quanto engano!
Ser pastor, não é apenas pregar ou ensinar teologia sistemática na igreja (há muitos que nem isso pregam). Mas, é pregar a Bíblia em sua inteireza e pureza anunciando com a devida autoridade temas nada agradáveis como  os atributos de Deus em seu Ser (Santidade, etc) e Pessoalidade (Trindade), a Soberania de Deus em seus decretos e providência, a Queda, o arrependimento, a necessidade da regeneração, a santificação, o perdão, a comunhão, o inferno, e a vida eterna. Além de se dar ao trabalho de aplicar oral e particularmente aos membros do seu rebanho a realidade experimental destas doutrinas em suas vidas pessoais. Conforme dizia o próprio Calvino: "o pastor tem que ser como um pai que distribui sabiamente as devidas porções do pão a cada um de seus filhos". Espiritualmente falando, isto significa que, o pastor além de conhecer as doutrinas bíblicas fundamentais deve ser também, um teólogo hábil e prático na aplicação das mesmas nas diversas áreas do viver cristão diário.
É exatamente aqui, onde o pastorado é mais testado. A saber, na área do aconselhamento e discipulado pessoal quando há o confronto direto com seus ouvintes. Quando tem de enfrentar e discernir o estado espiritual de suas ovelhas que inclui as mais mansas e também as mais hostis (além dos bodes). Acham isso uma tarefa simples? Pois, não é não. Requer muita maturidade, espiritualidade, treinamento, oração e estudos. E tudo isso, não descreve a vida pastoral no seu todo (os pastores mais veteranos que o digam). Conheço bons pastores que se aposentaram precocemente preferindo antes ser taxista do que tutor eclesiástico. Afinal de contas, mesmo sendo vocacionados, somos apenas humanos realizando pela graça divina nas devidas proporções, um trabalho sobre humano com humanos imperfeitos. Quem não tiver focado na glória de Deus e de Cristo, desiste no meio do caminho mesmo.
Sendo assim, finalizo este artigo, respondendo a pergunta inicial sobre o pastorado feminino dizendo que se for para pregar prosperidade, triunfalismo, profetada e tantas besteiradas mais, então qualquer homem e até mesmo mulheres podem ser ordenados ao "pastorado" sem problema algum. Mas, se estamos falando de pastorado bíblico, nem todo homem pode ser. E com todo respeito, tampouco, as mulheres!!!
Pr.Samuel Santos (3ª Igreja Congregacional de João Pessoa/PB)

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